segunda-feira, outubro 29, 2007

Nu e classicismo

Port Jackson Painter, "A Native wounded while asleep", c. 1788-97, 20,8 x 18,7 cm



Celta moribundo, c. 230-220 a.C., Museu Capitolino, Roma




A tradição clássica transforma o corpo nu do indígena austral no corpo de um deus grego (neste caso, de um "heróico" inimigo), enquanto o desejo de fidelidade à experiência concreta irrompe na irredutível especificidade da cabeça. Todo o nu será grego, até o século XIX começar a corroer o que restava desse modelo, violentamente destruído na escultura de um Rodin (1840-1917) que exibirá corpos manipuláveis até ao impossível, amputáveis, abertos ao exterior, multiplicáveis, mutantes. Requiem pelo corpo fechado, único, absoluto, imutável, revelador do sagrado.




Auguste Rodin (1840-1917), The Three Shades, 1881-86, bronze, 97.3 x 92.2 x 49.5 cm, MoMA, New York

segunda-feira, outubro 15, 2007

Ano lectivo de 2007-2008

Piero della Francesca (1416-1492), Ressurreição, 1463-65, pintura mural, fresco, têmpera, 225 x 200 cm, Pinacoteca Comunale, Sansepolcro

O que são a "Modernidade", o "Modernismo", o "Pós-Modernismo"? Uma introdução à História da Arte organizada por temas; centrada no conceito de "Arte Moderna", no seu antes e depois; estruturada num semestre lectivo. A arte do "Renascimento" conduzir-nos-á a dois passados e a dois futuros: um passado, próximo, com que se rompe (o "medieval") e um passado remoto que legitima as mudanças (a "Antiguidade"). Um futuro que constrói uma cultura "clássica", em prolongamento das (e)utopias renascentistas, e um futuro que as inflecte, que as transforma, até à destruição da cultura "clássica". O caminho traçado não é cronologicamente linear, partindo de questões da cultura contemporânea para interrogar o passado. O conjunto de obras discutidas limita-se, exclusivamente, à pintura, escultura e arquitectura e a uma tradição cultural "europeia" (ou "ocidental", para mais obviamente incluir os prolongamentos "coloniais" e "globalizadores").

15 de Outubro de 2007 a 20 de Fevereiro de 2008 (2ª e 4ª feira das 21.00h às 23.00h, no sótão do Ar.Co). 64 horas lectivas.

Aconselha-se a consulta da bibliografia e a familiarização com a barra lateral de "links" (que estará em permanente renovação e crescimento: última novidade é a revista "online" portuguesa (Instituto de Estudos Medievais da Universidade Nova de Lisboa) Medievalista ).

  • Michael Greenhalgh, The Classical Tradition in Art, London, Duckworth, 1978, pode constituir um competente manual "online" para a iniciação ao estudo da arte de modelo "clássico".

  • Ernst Gombrich discute o conceito de "Renascimento", em "The Renaissance: Period or Movement" in JB Trapp (org.), Background to the English Renaissance: Introductory Lectures, 1974, pp.9-30.