segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Suspensão

Damien Hirst, The Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living, 1992, técnica mista, 213 cm × 518 cm, Metropolitan Museum of Art, New York City

Deixámos o século XIX a caminho de um dos centros nevrálgicos da arte do século XX: a abstracção. Suspendemos o caminho. O "blog" passará a estar num estado de animação suspensa: vivo, com pulsação regular e actividade tendendo para o zero, quase imperceptível, quando muito irregular.

Fica parecido com a cultura (sobretudo a artística) da Civilização Ocidental posterior às revoluções técnicas e políticas de Setecentos e Oitocentos: um catálogo reversível, plural, capaz de ser percorrido para a frente e para trás, em salteado, cruzando elementos temporal e geograficamente díspares. Catálogo em equalização: o "clássico" aproximando-se do "gótico", o erudito do folclórico - e tudo metido no Museu. Um "bric-à-brac" romântico. Ou um monstro do Senhor Barão de Frankenstein. Ou uma duchampiana "assemblage". A Natureza encolhe-se e desaparecerá: paisagem, cenário - enquanto se torna motivo principal de pintura. Nostalgia que faz os pintores procurarem Barbizon em abandono da grande metrópole parisiense - ou Pont-Aven... ou o Tahiti. Com ela vai Deus, que a justificara, que a tornara digna de representação. Deus relojoeiro, independente do mecanismo, despejado da máquina, hipótese privada de que a Ciência, modelo de todos os saberes, não mais necessita. A paisagem urbaniza-se, toma a cidade, agora industrial e mecânica, como modelo. A Natureza torna-se imagem. O Mundo torna-se imagem. O social, jogo de simulações. A máquina produz espaços e tempos. E tira a fotografia.

A acção transfere-se para o "blog" do curso "Cruzamentos".

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