Naum Gabo (1890 - 1970), Kinetic Construction (Standing Wave), 1919-20, replica 1985. Metal, madeira pintada e mecanismo eléctrico, 616 x 241 x 190 mm. Tate
Termina, uma vez mais, o período de suspensão do nosso curso: inicia-se, amanhã. um novo semestre.
O que o motorizado artefacto faz não é ignorado pelo suporte fotográfico da imagem - de alguma maneira, ao contrário da fotografia (mas não exactamente): ambos, a construção de Gabo e a fotografia, jogam com a relação de um momento com outros que o antecedem e lhe sucedem. A fotografia pára - suspende o movimento, o tempo. Imagem positiva que pressupõe, sempre, outras - potenciais ou actualizadas. E a que o cinema (depois o vídeo, agora o digital) deu movimento.
O artefacto pioneiro da escultura cinética pede ao movimento, em acção, que lhe dê forma (em vez de lha desfazer, em abandono da representação que já lá não estava): aquela forma de fuso que a lâmina metálica assume quando o motor é ligado - mas que melhor se percebe quando a fotografia congela - suspende. Por aqui, poderemos dizer que a construção cinética, para fazer imaginar uma onda em pé, nos pede que, intelectualmente, a imobilizemos, não para lhe parar o movimento, mas para o congelar à maneira da fotografia. O seu já é, aliás, um movimento imóvel: não vai a lado nenhum.
Como as máquinas ópticas e o cinema de Marcel Duchamp (1887 - 1968), a construção de Gabo gira no mesmo lugar - como o a "Roda de BIcicleta"(1913), não vão a lado nenhum.
Não se duvide: o declínio da chegada restrita que exigia ainda um movimento de deslocação física de baixo para cima, no acto de nos levantarmos para partir, uma circulação do próximo para para o longínquo, no acto de viajar, representa, para a humanidade, uma mutação tão considerável como a da verticalidade. Com a diferença de que não se trata já de uma 'evolução positiva' rumo a um novo tipo de motricidade, mas sim de uma 'involução comportamental negativa' que conduz a espécie para uma fixidez patológica: o advento do homem sentado ou, pior ainda, do homem deitado.Paul Virilio, A Inércia Polar, Lisboa D. Quixote, 1993, pág. 106
Como as máquinas ópticas e o cinema de Marcel Duchamp (1887 - 1968), a construção de Gabo gira no mesmo lugar - como o a "Roda de BIcicleta"(1913), não vão a lado nenhum.
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